larva 33

Compartilhar idéias! Fiquei mobilizada com a proposta, e para tal atividade, trago um relato que vi e vivi.

Estacionei meu carro e desci em frente à portaria de uma Universidade Particular em Campinas, umas 23h00 aproximadamente. Esperava minha amiga que trabalha nesta instituição – ela ia dormir na minha casa. Depois de quinze minutos de espera, ela aparece na frente do portão, e ao invés de irmos para o carro, ficamos ali mesmo proseando.

Escutávamos um senhor “bêbedo” (bem próximo, mas como se estivesse distante), aparentemente morador de rua. Cambaleando ele tentava falar com as pessoas que estavam como nós, ali em frente ao portão. Sem nenhuma atenção à sua fala, continuou por ali, cantando, falando, quase caindo…e….  em um momento, ele cai, literalmente. No chão começa a movimentar-se de modo estranho, estava convulsionando. Sua boca parecia espumar. Seu corpo todo trêmulo – fica paralisado, parece estar desmaiado. Eu imediatamente parei de conversar e comecei a pedir ajuda. Juntaram-se mais pessoas. Um aluno pegou o celular para ligar para uma ambulância e …. minutos depois (pasmem!)… esse senhor, que parecia, fora de si, insignificante às pessoas, levanta, sorri e diz:

– Ah! Enganei todos vocês (RS). Estou bem… muito bem agora (RS). Obrigado pela atenção e desculpa ai atrapalhar vocês moços.

E, depois disso saiu. Todos parados. Eu trêmula diante de uma possível “morte”… não sabia se ria, ou se chorava.

O que isso me provocou?

Pensar na vida… o que é a vida? Quem “merece” atenção nesta sociedade das aparências?

É … não é tão simples ser “escutado”. Há relações de poder que engendram pessoas, lugares e seus falares. Por que não demos atenção àquele homem antes do “teatro”?

Em meio a tantas invisibilizações sociais produzidas, há criações possíveis de existência, ou de sobrevivência para a existência. Ao criar uma doença em seu corpo o sujeito pôde ser olhado e escutado.

Penso: Quantas doenças produzimos ou são produzidas na nossa sociedade? Quantas doenças as crianças produzem em seus corpos, para criar para si formas de escuta. Para ganhar espaço e visibilidade na escola, ainda que nomeadas como: hiperativas, fracassadas, dislexa..dis..dis. Nesse discurso da doença, somos forçados a olhar e discursar sobre estes alunos e as causas de seus insucessos escolares.

Na arena inventada pelo senhor fomos capturados para olhar e participar da cena.

Que País é esse? Que sociedade é essa?

Quanto vale uma vida? Já somos mercadorias?

Pensamentos que escapam….

Vanessa Martins

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larva 32

apenas vou dizer a voce que tudo é som
tudo
Aqueles que as palavras não conseguem amar,
ama-las fortalece, ilumina, invade e se presentifica, se transporta ,transforma, re- cria, re- unifica
Aqueles que os sons não conseguem amar.
ouvi-los acalma e fortalece, ilumina e esclarece, deixando e se abstraindo, se trasnporta a novos mundos, transforma a perspectiva do uni-verso re- criando e re - unificando  a cada momento o um e o outro.

mas aqueles que somente o lucro conseguem amar,
a pausa

Aqueles que as arvorés, os pássaros,os peixes não conseguem amar,
ama-los fortalece acalmando e alucina a mente deixando o seu  corpo voar.
vou pegar  a carona, fui

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larva 31

A força da história está em sua afetação. As linhas que compõem o emaranhado processual construíram uma incrível máquina de guerra capaz de colocar em movimento qualquer formação cristalizada.
O terreno que abrigava e constituía os caminhos sedentários desses núcleos não aguentaram os avanços das hordas nômades, que multiplicaram os caminhos e os entrelaçaram com os antigos, feitos pelos sedentários, assim como eram feitos nos grupos nômades de cangaceiros, eles também apagam os rastros deixados, para não serem capturados.
Nesse solo fertilizado pelos nômades, mas propriedade dos sendentârios, os tributos que são cobrados servem para alimentar e multiplicar os territórios, tanto quer hoje não existe algo que esteja fora do domínio dos sedentários, no entanto, todo esse espaço serve para cavalgar eliminando tudo aquilo que diminui a nossa potência de agir.
Essa vontade de agir máquinada com a velocidade do galope produz o desejo de ocupar todo o território, sem que precise construir núcleos de povoamento, como os sedentários, assim esse sonho tornou-se possível e eficaz, uma vez que o real é uma presença ausente, e nômades sabem muito bem utilizar a ausência.
Portanto, a força da história nômade está em sua afetação, ou seja, como ela nos foge e ao mesmo tempo abre caminho para criarmos valores de vida, como liberta e nos potencializa sem deixar domesticar, isso tudo para podermos dar vazão a essa máquina de guerra capaz de criar o presente passado e futuro, no instante do momento, como em uma seta de duas pontas onde o tempo não para de afetar.

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larva 30

A sociedade contemporânea caracteriza-se pela ausência.
Sentimo-nos como a velha fragata de Leibniz; jogados ao mar tempestuoso procurando praia segura a aportar. Descendo em terra firme(?) tornamo-nos Quixotes, e a peleja se faz contra entes que são, contudo, não o são.
Os velhos libertários do século passado e antes sabiam exatamente contra quem deveria ser desferido o ataque; e hoje, como identificar o não-lugar do poder, a autoridade fluída?
Como ocupar o não-ocupável? Como sabotar o sabe-se-lá-oquê? Como não cair em uma recusa medíocre e niilista, ou, ao contrário, num entreguismo reformista/conformista pequeno-burguês lamentável?
– Camaradas: estas e outras questões ficarão parcialmente sem resposta.
Adiante.
Então, as hipóteses:

1ª hipótese, ou hipótese @: A Cartografia do poder. Um careca, amigo meu, propôs que o poder, na verdade, não é centralizado e único, sendo imposto de cima para baixo, goela abaixo dos pobres despossuídos, não tendo, portanto, natureza transcendente; diz ele que o que temos é uma trama, uma rede, um platô de pequenos poderes que diferem entre si somente em grau (intensidades), nesse sentido todos tem poder: o guardinha, o fêssor, Jocasta…

7ª hipótese, ou hipótese arké: O Caos nunca morreu. É a soma de todas as ordens e anterior a todas elas. Desdobrou-se em todos os princípios da física, e, até mesmo Cronos e Eros deitaram ao seu lado.

8ª hipótese, ou hipótese adialética: A Roda de Hegel. A história das revoluções parece sempre girar em falso. Como deseja-la, se ao terminar seu ciclo encontramo-nos à volta de outras forças opressoras, e outras, ad infinitum? O eterno retorno da história das revoluções: revolução, reação, traição e a volta de um estado de coisas ainda mais opressor. Jogadas as cartas, estas não permanecem à mesa, mas voltam, sistematicamente, as mãos de um outro carteador ainda mais infame e feroz. Ao que parece, as revoluções não jogam RPG.

9ª hipótese, ou a hipótese da contradição: Vivemos a sombra de um deus morto. O Deus Trabalho morreu! Mesmo assim bilhões de pessoas devem peregrinar, dia-a-dia, para venerar o cadáver-rei. A terceira revolução industrial, a saber, da microeletrônica liberou o uso da força de trabalho humano em escala jamais vista na história. Todavia, o moderno sistema produtor de mercadorias (capitalismo) tem na exploração da mercadoria força de trabalho seu alicerce principal, destruí-la, portanto, seria destruir a atual sociedade.
Aquela velha contradição, aquela mesma encontrada por Marx um século e meio atrás, parece estar em marcha acelerada e salta-nos aos olhos de maneira formidável.

-Amigos: já temos algumas hipóteses, elucidaremos outras.
Continuamos outro dia, estou atrasado para o chá, e o coelho já passou por aqui.

 

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larva 29

Precisamos de outras forças, maiores das que tinhamos antes, para continuar a caminhada, já que ela não é a mesma, mas se repete e se impõe. Achemos o diferente na repetição, ou estaremos fadados a perecer frente a esfinge, sabendo que a resposta é o homem.

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larva 28

Anestesiados de compaixão por uma crença, eles acreditam que a existência não tem sentido e que ela caracteriza-se como castigo e erro.
Acreditam em homens que são capazes de proporem-se como fim (Omega Santidade), mas que não olham para baixo de si com medo da vertigem.
Mostram-se como exemplo superior de homem, mas o que demonstram é ressentimento contra a vida.
Auto intitulam-se justos, mas são trapaceiros por serem tão covardes diante a realidade.
Castigam por acreditarem que alguém deve ser culpado mas no entanto fazem isso por ter como única fonte de prazer à vingança.

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larva 27

Estamos quase impossibilitados de pensar. Por outro lado, sabemos que pensar nunca foi algo natural e fácil. Pensar é criar, sair da imobilidade, sorrir ao desconhecido que nos liga.
Pensar nos faz perguntar por que não seria possível pensar de maneira diferente da que se pensa.
Pensar não tem apenas um sentido ou uma verdade, mas uma forma de ressoar nos objetos. Devemos pensar de maneira diferente para multiplicar o sentido. Como?
Não devemos pensar os termos, mas as relações, aquilo que os liga. Experimente trocar o “É” por “e”. Exemplo: (b e v e L e…) e não (X é B). Não deve se perguntar o que uma coisa “É” mas ao que ela se relaciona e como.
Só estamos impossibilitados de pensar porque subordinamos a diferença à identidade. Essa hora e essa vida e esse coelho e tantas outras coisas acabaram de passar e não apenas o coelho.

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larva 26

Chamam-nos utópicos. Utópicos são eles! Presos ao real sempre esperando que este se dobre, ora lentamente, ora rapidamente, num mundo melhor. O progresso!Aguardam-no bestializados.

Pelo contrário, é preciso submeter o real a uma vontade criadora, sempre diferente, múltipla, imanente, ao passo que, ao se esgotarem as possibilidades, outras novas sejam postas à prova. Desutopia, essa é a chave de nossos problemas.

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larva 25

BENEDETTI No te salves
    http://www.youtube.com/watch?v=89HCz6nrlHY&feature=email

      El 27 de junio de 1973, tiene lugar el golpe de estado que origina la llamada
dictadura cívico-militar en Uruguay y que se prolongará hasta 1985. En este
momento, Mario Benedetti renuncia a su puesto en la universidad y comienza su
exilio en Argentina. Se inicia así un periplo que le lleva hasta Perú, Cuba y
finalmente España. En este período Benedetti viaja solo, ya que su mujer debe
quedarse en Uruguay. Es en esta época, en concreto en el año 1974, cuando
publica "Poemas de Otros". 

No te quedes inmóvil
al borde del camino
no congeles el júbilo
no quieras con desgana
no te salves ahora
ni nunca
                 no te salves
no te llenes de calma
no reserves del mundo
sólo un rincón tranquilo
no dejes caer los párpados
pesados como juicios
no te quedes sin labios
no te duermas sin sueño
no te pienses sin sangre
no te juzgues sin tiempo

pero si
              pese a todo
no puedes evitarlo
y congelas el júbilo
y quieres con desgana
y te salvas ahora
y te ll...
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larva 24

NÃO TE SALVES

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