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larva 12
(…) Havia no amor de Cristo uma espécie de identificação abstrata, ou, pior ainda,
um ardor de dar sem nada tomar. Cristo não queria responder às expectativas de seus
discípulos, e mesmo assim não desejava conservar nada, nem sequer a parte inviolável
de si mesmo. Tinha algo de suicida. Lawrence escreve um romance, O homem que morreu,
pouco antes de seu texto sobre o Apocalipse: nele imagina Cristo ressuscitado
(“despregaram-me rápido demais”), porém também enjoado, dizendo “isso nunca mais”.
Reencontrado por Madalena, que deseja dar-lhe tudo, percebe no olhar da mulher um
pequeno clarão de triunfo, na voz um tom de triunfo em que se reconhece a si mesmo.
Ora, é o mesmo clarão, o mesmo tom presente entre aqueles que tomam sem dar. No
ardor de Cristo e na cupidez cristã, na religião do amor e na religião de poder, há
a mesma fatalidade: “Dei mais do que tomei, e também isso é miséria e vaidade. Não
passa, ainda, de uma outra morte… Agora ele sabia que o corpo ressuscita para dar
e para tomar, para tomar e para dar, sem cupidez”. (“Nietzsche e São Paulo, D. H.
Lawrence e João de Patmos.” in Crítica e Clínica / Gilles Deleuze; tradução de Peter
pál Pelbart. – São Paulo: Ed. 34, 1997, p. 60-61)
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larva 11
“…e se você faz uma faculdade, essa faculdade vai servir para que? Para que você seja sugado pelo próprio sistema de manipulação da sociedade, que você faz uma faculdade para você poder se manter através dela trabalhando para o sistema. Agora, eu não fiz faculdade dentro de uma universidade. Eu fiz a faculdade do mundo. Isso não vai servir para ninguém e ninguém vai me escravizar pelo meu conhecimento, vai servir pra mim. E muita coisa eu vou poder transmitir para as pessoas através da faculdade do mundo. Elas vão… pode até, as pessoas adquirirem mais conhecimento, mais sabedoria, através dessa faculdade do mundo que eu fiz. Né? Porque é única. Porque cada um quer fazer uma faculdade do mundo. Têm muitos aí que viajam a América todinha, o Brasil todinho, mas o mundo deles não criou outros horizontes. A cabeça deles continua escrava do mesmo sistema de manipulação igual; fazendo seus artesanatos, correndo atrás de miséria, de dinheiro, atrás de compromisso com aluguel. Como um comum que trabalha com qualquer coisa. Enquanto que eu, saí fora de todo esse sistema de manipulação, para andar de contra ao vento, de contra esse sistema. Eu indo contra esse sistema, eu vou indo encontrar o conhecimento que ta vindo contra mim. Agora se eu seguir a favor desse conhecimento, eu não vou conhecer nada, porque eu estou acompanhando ele. Entende?”
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larva 10
Um pastor de ovelhas que certa noite bebeu mais que a conta,
apostou seu rebanho no jogo de cartas que acontecia entre os moradores de uma pequena vila nas quartas feiras à
noite.
Perdida a rodada, e a essas alturas o que estava em jogo era o próprio rebanho do bom pastor, este, além de pagar a dívida com o próprio rebanho, foi mandado embora da vila por alguns homens poderosos da
cidade.
Pegou seu cajado e mochila, como era de costume, assoviou ao seu fiel amigo Leopardo que se disparou correndo em sua direção, e se foi rumo a fora; um pastor lançado ao mundo do desconhecido, sem seu rebanho. Sozinho em
novas descobertas.
Após sete anos de sua ida, volta novamente à pequena vila.
…encrencas esquecidas…
Conta de seus causos, sobre as terras desconhecidas e é tido como
louco
por ter enxergado acontecimentos à frente do povo da vilela.
Errante,
segue passo à passo, junto de Leopardo, por outras
novas descobertas…
***
Na noite das cidades, o corpo se abre para novas descobertas e a ética que rege este acontecimento é fazer com que as encrencas sejam esquecidas. Sempre haverão aqueles que nos julgam como loucos, errantes… mas a política deste ato, está em sempre seguir por novas descobertas…
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larva 6
morte e vida escolar
Sabemos, a partir de Foucault, que o poder soberano desenvolve suas ações baseado na máxima “deixar viver e fazer morrer”, que posteriormente é trocada- nas sociedades administradas pelas disciplinas e reguladas pela biopolítica-, pela máxima “fazer viver e deixar morrer”. Como poderíamos pensar esta máxima dentro da escola, especificamente? Fazer viver e deixar morrer, fazer viver justamente para deixar morrer. De que vida se trata? O que poderia estar significando a morte, nesse caso? Escola aprisionamento dos corpos, em rígidas disciplinas. Cada coisa em seu lugar. Preestabelecido. Por outrem. Cada coisa na sua hora. Espaço e tempo determinados para a formação da vida. Enformação. Formatação. Em formação. Salas determinadas, fileiras e colunas de mesas e cadeiras. Uniformes. Sentar e levantar ao sinal. Sair e entrar ao sinal. Recrear. Jogar bola. Brincar no parque sob os olhos do vigilante. Ele vigia. Bimestres, trimestres, cronogramas. Fila da merenda, fila da cantina. Lanchar. Ao sinal. Sentar, ouvir, copiar, responder o que o professor quer. “- Professor, posso ir ao banheiro?”, “- Não!”. Sentar, ouvir, copiar. (Desenvolver técnicas de sobrevivência: dissimular). Escola aprisionamento das mentes. Aprender. Aprender o que é ensinado. Prestar atenção ao professor. Prestar atenção só ao professor. Falar e calar ao comando. Copiar. Reproduzir. Demonstrar inteligência relacionando os conteúdos do professor, na forma do professor. “- Professor, vai cair na prova?”. Grade curricular. Plano diretor. Planejamentos das disciplinas. Construtivismo, construir como o previsto. Realizar o planejado. Por outrem. Métodos. Deixe seus problemas do lado de fora. Ao sinal. (Desenvolver técnicas de sobrevivência: copiar e colar). Os corpos agrilhoados em coreografias reguladas, as mentes sovadas pelo excesso de conteúdos obrigatórios e milimetricamente desencorajadas de funcionarem por si mesmas. Fazer viver e deixar morrer. O que é feito viver: corpo uniforme, enquadrado, otimizado para a reprodução, tornado útil e dócil. (acréscimo de biopolítica escolar: medicamentos psiquiátricos para hiperatividade e déficit de atenção, como exemplo). O que é deixado morrer: a vida: a potência de transformação, de criação de novo, os múltiplos possíveis, o fora, o imprevisível. |
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larva 5
Tomo I: vento.
Vento atravessa, cola, passa; encontro. Aprendizagem vento, é disposta ao encontro. Divagar, devagar, vagar pelo espaço, espaço liso, espaço do possível. Aberto, devir-imperceptível do vento. Vento sentido. Aprendizagem vento. Como encontrá-lo? Como encontrá-la? Aprendizagem vento toca, não se vê, se sente,percebe. Deambula pelo espaço e toca. Nos toca através do encontro. Encontro alegre com o vento, que descabela o cabelo. Desatina o óbvio. Desestabiliza. Faz cair folhas, galhos, casas, pedras, poeira. Cair destrutivo. Destruir para construir outro.
Tomo II: parangolé.
Parangolé, vento,aprendizagem deambulante. Meu corpo que toca o tecido, que se encontra com o vento e é aberto às aprendizagens que deambulam com e como o vento. Aprendizagem que divaga: vaga. Lugar aberto às entradas. Uma vaga, não a espera de esperança, mas a vaga como um espaço plano aberto ao possível. Devir-outro-vaga. Vagamundo. Vagabundo. Aprendizagens menores. Aquilo que é imperceptível é a vaga para o encontro. Agitação súbita, alegria inesperada. Parangolerizar com o corpo aberto aos devires do espaço. Contato. Contágio. Meu corpo, meu espaço. Minha escala. Meu corpo. Meu contato/contágio com o espaço, com o lugar onde se vê e se registram códigos. Espaço da aprendizagem. Tempo da aprendizagem.
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