larva 6

morte e vida escolar

Sabemos, a partir de Foucault, que o poder soberano desenvolve suas ações baseado na máxima “deixar viver e fazer morrer”, que posteriormente é trocada-  nas sociedades administradas pelas disciplinas e reguladas pela biopolítica-, pela máxima “fazer viver e deixar morrer”. Como poderíamos pensar esta máxima dentro da escola, especificamente? Fazer viver e deixar morrer, fazer viver justamente para deixar morrer. De que vida se trata? O que poderia estar significando a morte, nesse caso?

Escola aprisionamento dos corpos, em rígidas disciplinas. Cada coisa em seu lugar. Preestabelecido. Por outrem. Cada coisa na sua hora. Espaço e tempo determinados para a formação da vida. Enformação. Formatação. Em formação. Salas determinadas, fileiras e colunas de mesas e cadeiras. Uniformes. Sentar e levantar ao sinal. Sair e entrar ao sinal. Recrear. Jogar bola. Brincar no parque sob os olhos do vigilante. Ele vigia. Bimestres, trimestres, cronogramas. Fila da merenda, fila da cantina. Lanchar. Ao sinal. Sentar, ouvir, copiar, responder o que o professor quer. “- Professor, posso ir ao banheiro?”, “- Não!”. Sentar, ouvir, copiar. (Desenvolver técnicas de sobrevivência: dissimular).

Escola aprisionamento das mentes. Aprender. Aprender o que é ensinado. Prestar atenção ao professor. Prestar atenção só ao professor. Falar e calar ao comando. Copiar. Reproduzir.  Demonstrar inteligência relacionando os conteúdos do professor, na forma do professor. “- Professor, vai cair na prova?”. Grade curricular. Plano diretor. Planejamentos das disciplinas. Construtivismo, construir como o previsto. Realizar o planejado. Por outrem. Métodos. Deixe seus problemas do lado de fora. Ao sinal. (Desenvolver técnicas de sobrevivência: copiar e colar).

Os corpos agrilhoados em coreografias reguladas, as mentes sovadas pelo excesso de conteúdos obrigatórios e milimetricamente desencorajadas de funcionarem por si mesmas. Fazer viver e deixar morrer. O que é feito viver: corpo uniforme, enquadrado, otimizado para a reprodução, tornado útil e dócil. (acréscimo de biopolítica escolar: medicamentos psiquiátricos para hiperatividade e déficit de atenção, como exemplo).  O que é deixado morrer: a vida: a potência de transformação, de criação de novo, os múltiplos possíveis, o fora, o imprevisível.

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potlatch (2) festa: dar larvas de idéias e pensamentos, para possíveis co-laborações, devires-monstros. No dia 17 de agosto de 2011, na Unicamp, Campinas, São Paulo, Brasil, durante o III Seminário Conexões: Deleuze e Arte e Ciência e Acontecimento e...
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