Chamam-nos utópicos. Utópicos são eles! Presos ao real sempre esperando que este se dobre, ora lentamente, ora rapidamente, num mundo melhor. O progresso!Aguardam-no bestializados.
Pelo contrário, é preciso submeter o real a uma vontade criadora, sempre diferente, múltipla, imanente, ao passo que, ao se esgotarem as possibilidades, outras novas sejam postas à prova. Desutopia, essa é a chave de nossos problemas.
À idolatria do progresso contrapôs-se a da sua maldição: somaram-se assim dois lugares-comuns.
Paul Valéry